Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente, descansará. Sl. 91,1

terça-feira, 16 de março de 2010

LENDAS, CONTOS, FÁBULAS

A Roupa do Rei


Era uma vez um tão vaidoso de sua pessoa que só faltava pisar por cima do povo. Certa vez procuram-no uns homens que eram tecelões maravilhosos e que fariam uma roupa encantada, a mais bonita e rara do mundo, mas que só podia ser enxergada por quem fosse filho legítimo. 
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O rei achou muita graça na proposta e encomendou o traje, dando muito dinheiro para sua feitura. Os homens trabalharam dia e noite num tear mágico, cozendo com linha invisível, um pano que ninguém via. 
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O rei mandava sempre ministros visitarem a oficina e eles voltavam deslumbrados, elogiando a roupa e a perícia dos alfaiates. Finalmente, depois de muito dinheiro gasto, o rei recebeu a tal roupa e marcou uma festa pública para ter o gosto de mostrá-la ao povo. 
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Os alfaiates compareceram ao palácio, vestindo o rei de ceroulas, e cobriram-no com as peças do tal traje encantado, ricamente bordado mas invisível aos filhos bastardos. 
O povo esperou lá fora pela presença do rei e quando este apareceu todos aplaudiram com muito entusiasmo. Os alfaiates, aproveitando a festa, desapareceram no meio do mundo. 
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O rei seguiu com o cortejo, mas, atravessando uma das ruas pobres da cidade, um menino gritou: 
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- O Rei está de ceroulas! 
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Todo mundo ali presente reparou e viu que realmente o rei estava apenas de ceroulas. Uma grande e entrondosa vaia foi o que se ouviu. O rei correu para o palácio morto de vergonha. Desse dia em diante corrigiu-se seu orgulho. E enquanto durou seu reino foi um rei justo e simples para o seu povo. 
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Nota:
Conto da idade média compilado pela primeira vez na Espanha por Dom Juan Manuel, século XV, em um livro intitulado "Libro de Patronio ou do Conde Lucanor". Anderson o contista, mais tarde o modifcou e criou sua própria versão da história.


Lendas e Mitos do Folclore Regional Brasileiro
As lendas estão classificadas por Regiões da provável Origem. Para cada lenda, um quadro com informações adicionais sobre a mesma, será exibido, isso inclui; origem, variações de nomes, etc.

Informamos
 que algumas lendas, pelo seu conteúdo forte, podem ser inadequadas para crianças, como, por exemplo, a lenda do Romãozinho. Estas terão uma Mensagem de Alerta ao lado. 
A lenda do barba ruiva
Eis uma lenda sobre a Lagoa de Paranaguá no Piauí. Dizem que ela era pequena, quase uma fonte, e cresceu por encanto. Foi assim: 

Vivia uma viúva com tês filhas. Um dia, a mais moça das filhas dela adoeceu, ficando triste e pensativa. Estava esperando menino e o namorado morrera sem ter tempo de casar com ela. 

Com vergonha, descansou a moça nos matos e, deitou o filhinho num tacho de cobre e sacudiu-o dentro da pequna fonte de água.

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O tacho desceu e subiu logo, trazido por uma Mãe-d'agua, que com raiva, Amaldiçoou a moça que chorava na beira. 

As águas foram subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia e noite, alagando tudo, cumprindo uma ordem misteriosa. 

Ficou a lagoa encantada, cheia de luzes e de vozes. Ninguém podia morar na beira porque, a noite inteira, subia do fundo dágua um choro de criança. O choro parou e, vez por outra, aparecia um homem moço, muito claro, com barbas ruivas ao meio dia e com a barba branca ao anoitecer. 

Barba Ruiva, homem encantado, que vive na lagoa de Paranaguá, ao sul do Piauí. É alvo, de estatura regular, cabelos avermelhados. Quando sai da água mostra as barbas, as unhas e os peitos cobertos de lodo e limo. 

Muita gente o viu e tem visto. Foge dos homens e procura as mulheres que vão bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar. Depois, corre e pula na lagoa, desaparecendo. Nenhuma mulher bate roupa ou toma banho sozinha, com medo do barba ruiva. Se um Homem o encontra, fica desorientado. Mas o Barba Ruiva é inofensivo, pois não consta que fizesse mal a alguém. 

Se uma mulher atirar na cabeça dele água benta e um rosário sacramentado, ele será desencantado. Barba Ruiva é pagão, e deixa de ser encantado sendo cristão. Como ainda não nasceu essa mulher valente para desencantar o Barba Ruiva, ele cumpre sua sina nas águas da lagoa.

Informações Complementares:

Nomes comuns:
 Barba Ruiva, Urué, Barba Nova, Cabeça Vermelha. 

Origem Provável:
 Lenda popular no estado do Piauí, ao redor da lagoa de Paranaguá, desde o século XIX. Por volta de 1830, já era conhecida. 

Dizem que ele foi criado pela Iara, sendo então filho da Mãe d'agua. Para o povo, a criança fabulosa não tem idade nem forma definida.
 
Nogueira Paranaguá escreve: "Consideram-no menino pela manhã, homem ao meio-dia, e velho ao anoitecer"
 .
Muitas versões o descrevem assim: De dia ele aparece como um menino à beira da lagoa, à tarde como um rapaz de barba ruiva, e à noite como um senhor de barba branca. Algumas vezes fica dormindo à margem do lago e, quando alguém se aproxima, ele pula na água e some.
 
No Rio Parnaíba, também no Piauí, existe o Cabeça de Cuia, uma espécie de Barba Ruiva. Este no entanto, é mais radical e além de atacar moças à beira do rio, devora-as vivas.
 
No rio São Francisco existe a lenda da moça de família rica, que desejando ocultar o parto, atirou o recém-nascido ao rio. Um Dourado (espécie de peixe), abocanhou-o sem o engolir, salvando-o dos outros peixes. E ainda hoje conserva o menino, que não cresceu nem mudou desde aquele tempo.
 
E sobe e desce o rio, com o menino na boca, deixando-o apenas para comer, e defendê-lo dos outros peixes. O Menino não cresce mas está com os cabelos brancos.
 
Uma tradição do Panamá conta que uma linda moça afogou no rio a criança que tivera, para esconder a falta que cometera. Como castigo do perpétuo remorso a mãe ressurge num monstro, a terrível
 Tulivieja. 
Os indígenas brasileiros tinham algumas lendas em que as crianças sacrificadas davam nascimento às espécies vegetais mais necessárias à vida selvagem. O milho nasceu do sacrifício de um guerreiro. A mandioca, de uma criança, Mani dos Tupis, Atiolô, dos Parecis. Mas a presença da Mãe Dágua, entidade desconhecida pelos nossos índios, afasta a possibilidade de um mito ameríndio.




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